1.O que é a Psicologia?

A psicologia é a ciência que estuda a mente e os
comportamentos. Entendemos por comportamento tudo o
que podemos observar acerca de um organismo vivo e a
relação deste com o meio. A psicologia tem vários objetivos
nomeadamente descrever, explicar, rever e
controlar/alterar.

Agentes Responsáveis pela Transmissão Hereditária

Os aspetos de funcionamento do nosso corpo, como o funcionamento de órgãos e certos comportamentos são transmitidos pela hereditariedade. Alguns destes exemplos são a capacidade de camuflagem do camaleão, o modo como o peixe espada nada é diferente do modo como o peixe-napoleão se desloca, entre outros. Deste modo, muitas das características, quer em termos físicos, quer em comportamentos, são herdados pelos nossos progenitores.

É cada vez mais comum ouvir falar da identificação de doenças associadas aos genes, nas características que dependem de um dado cromossoma, no conhecimento dos resultados da análise do ADN, na descodificação do genoma humano, etc...




No começo...

No começo há o óvulo e o espermatozoide. cada um de nós resultou da sua junção gerando uma célula: o ovo. As células reprodutoras (germinais ou gâmetas) as responsáveis pela transmissão das características hereditárias. 

O ovo é, assim, a primeira célula que constitui o indivíduo. Esta célula vai dividir-se em duas, que, por sua vez, se subdividirão até gerar o organismo. 

A este processo de divisão dá-se o nome de mitose. 

Síndrome de Down- no cromossoma 21, há três exemplares em vez de dois (Trissomia 21). Em vez de 46 cromossomas, as pessoas com esta patologia têm 47 cromossomas. 

Cromossomas e herança genética

Os seres humanos são constituídos por células que apresentam uma organização estrutural complexa, nomeadamente, o núcleo. É no interior do núcleo que se encontra a informação genética responsável pelas características de cada espécie e de cada indivíduo. No núcleo é possível observar os cromossomas. Estes são constituídos quimicamente por ADN, ácido desoxirribonucleico, e proteínas. 

Os cromossomas ou segmentos de ADN constituem  suporte dos genes. São as estruturas mais importantes na célula, uma vez que são responsáveis pela transmissão da informação hereditária de geração em geração. As células de um organismo da mesma espécie têm o mesmo número de cromossomas (excluindo as células sexuais). O número e a forma dos cromossomas são característicos de cada espécie, dando-se o nome de cariótipo.  


Cromossomas sexuais

Geralmente, os cromossomas numa célula organizam-se em pares semelhantes, dois a dois, exceto o par de cromossomas sexuais. 

A espécie humana tem 23 pares de cromossomas. 22 são comuns aos dois sexos (feminino e masculino). O par 23 (par do cromossoma sexual) é distinto entre o homem e a mulher. No homem os cromossomas sexuais são compostos por um cromossoma X e um cromossoma Y, enquanto que na mulher apenas existem dois cromossomas X. É devido à existência, ou não, de um cromossoma Y ou X como par do primeiro cromossoma X, que definirá se o indivíduo será masculino ou feminino.

 Uma vez que o ADN é universal e que dentro da mesma espécie se encontra idêntico, então será o número de nucleótidos, assim como a sua sequência que irá levar às diferenças nos pares de cromossomas, o que resultará na definição das características de cada ser humano.

Genes

O gene é um segmento de um cromossoma a que corresponde um código distinto, uma informação para produzir uma determinada proteína ou controlar uma característica, por exemplo, a cor dos olhos. Um cromossoma contém vários genes, que são responsáveis pelas caraterísticas físicas do indivíduo. Ao nome de todos os genes existentes no ser humano, dá-se o nome de genoma. 


Meiose

A quantidade de material genético em cada espécie mantém-se constante de geração em geração graças à ocorrência de um processo de divisão celular: a meiose, da qual resultam as células sexuais, que possuem metade do número de cromossomas característicos da espécie. Durante a meiose ocorrem duas divisões sucessivas do núcleo, designadas por divisão I e divisão II. É durante a divisão I que se dá a redução dos cromossomas. 

A separação dos cromossomas homólogos, que reduz o número de cromossomas para metade, contribui para o aumento da variabilidade genética. Cada célula-filha recebe um cromossoma que tanto pode ser de origem materna como paterna. Ser um ou outro cromossoma do par de homólogos é uma questão de sorte, isto é, aleatória. Os gâmetas possuem um cromossoma de cada par de homólogos presentes na célula-mãe que lhes deu origem. 

A meiose tem grande importância para os seres vivos que se reproduzem sexualmente, porque contribui para a variabilidade das espécies. É o caracter aleatório do encontro de gâmetas durante a fecundação que reforça a diversidade genética resultante da meiose e explica a grande variedade de seres dentro da mesma espécie. 


2.Influências genéticas e epigenéticas no comportamento

Qualquer ser vivo ao receber dos seus progenitores um
determinado património genético, é possuidor de um
genótipo que corresponde ao conjunto das
determinações genéticas herdadas e que podem, ou não,
exprimir-se conforme as características do meio em que
se desenvolve. Todo o ser vivo também tem um conjunto
de características físicas e comportamentais,
objetivamente observáveis, o seu fenótipo, ou seja, este
designa a aparência do indivíduo.

Hereditariedade específica

A hereditariedade específica traduz-se na informação genética relativa a todos os indivíduos de uma espécie. Esta informação  levará à existência de características comuns a todos os indivíduos desta espécie. Por exemplo, a migração das aves, as técnicas coordenas de caça dos felinos, as formas de acasalamento dos cavalos-marinhos, etc... Nos seres humanos também existem algumas características comuns, características essas que nos definem como humanos, como a constituição do rosto, a constituição das estruturas cerebrais, etc...

Hereditariedade individual

A hereditariedade individual corresponde à informação genética responsável pelas características de um indivíduo o que o distingue de todos os outros da sua espécie, tornando-o desta forma único. Este tipo de hereditariedade é observada na forma de como a nossa cara se desenvolve, contrastando com o cara de outros seres humanos, a espessura e o desenho das sobrancelhas, a existência de marcas ou sinais na nossa pele, etc... Assim, todos nós possuímos a mesma hereditariedade específica, uma vez que fazemos todos parte da mesma espécie. Já pelo contrário, a nossa hereditariedade individual é diferente, o que nos leva às tais diferenças físicas, tornando-nos únicos. 

Génotipo

O genótipo é o conjunto de todos os genes de um indivíduo desde da sua nascença que provêm da mãe e do pai. É exatamente nestes conjunto de genes, que se encontra toda a constituição genética do indivíduo, assim como as características que podem, ou não, ser exprimidas pelos descendentes. A expressão dos genes está relacionada com a o meio onde o indivíduo se desenvolve. Assim, pode-se concluir que o genoma é o projeto genético de um indivíduo, ou seja, é caracterizado como todo o conjunto de caracteres que se podem exprimir ou não. 

Fenótipo

O fenótipo tem a ver com as características observáveis de um indivíduo, que resultam da expressão dos genes existentes no organismo. Estas características são aquelas que tornam o indivíduo único dentro da sua espécie. Deste modo, o fenótipo é designado como o conjunto de características individuais dos organismos que têm origem genética, surgindo devido à interação entre o genótipo e o meio ambiente, ou seja, que recebem modificações decorrentes da relação com o meio.


O estudo dos gêmeos

Existem dois tipos de gêmeos: falsos e verdadeiros. Os gémeos falsos resultam da fecundação de dois óvulos por dois espermatozoides distintos. A fecundação, que ocorre ao mesmo tempo, irá gerar dois seres humanos diferentes que nascerão ao mesmo tempo. Os gémeos verdadeiros resultam do desdobramento do ovo. Como este resulta de um óvulo fecundado por um espermatozoide, os dois ovos, resultado do desdobramento, têm os mesmos cromossomas, e, portanto, a mesma carga hereditária.

3.Neurotransmissores

Os Neurotransmissores são substâncias químicas criadas pelo corpo que transmitem informações de um neurónio para o próximo por meio de pontos de contacto chamados sinapses. Existem diferentes tipos de neurotransmissores, cada um com funções diferentes. Os neurotransmissores mais importantes são a adrenalina, a serotonina, dopamina e a noradrenalina.

Adrenalina

A adrenalina é uma hormona libertada na corrente sanguínea que tem a função de atuar sobre o sistema
cardiovascular e manter o corpo em alerta para situações
de fortes emoções ou estresse, como luta, fuga, medo,
etc... Assim, a adrenalina faz-nos reagir de forma rápida e
prepara-nos para tirar o máximo proveito dos nossos
músculos quando é necessário moverem-se numa
determinada velocidade. Este neurotransmissor pode
causar a doença de Addison. Praticar desportos radicais ou
qualquer atividade física é bom para libertar adrenalina.

Serotonina
A serotonina é o neurotransmissor que ajuda a equilibrar o
humor, o apetite, o sono, a memória e a aprendizagem. A
ausência dessa substância no cérebro pode ir de mau humor
a depressão. Os alucinogénios podem interferir com a ação
da Serotonina. Para libertar serotonina basta descansar e
prestar atenção às nossas necessidades bem como apanhar
sol entre 15 a 20 minutos por dia.

Dopamina

A dopamina é responsável por levar informações para várias
partes do corpo e, quando é libertado, provoca a sensação
de prazer e aumenta a motivação. A dopamina também
está envolvida nas emoções, nos processos cognitivos, no
controlo dos movimentos, na função cardíaca, na
aprendizagem, etc... A dopamina está diretamente
relacionada a distúrbios neurológicos e psiquiátricos como a
doença de Parkinson e a esquizofrenia. Para libertar a
dopamina é importante praticar atividades físicas que
sejam prazerosas e atingirmos objetivos que desejávamos.

Noradrenalina

Este neurotransmissor atua sobre o sistema nervoso
autónomo, responsável pelo controlo, geralmente
involuntário, da musculatura lisa e cardíaca, regulando o
funcionamento de órgãos como o coração. A noradrenalina
é um dos neurotransmissores que mais influencia o humor,
a ansiedade o sono e a alimentação, tal como os
neurotransmissores que mencionei antes. Para libertar a
noradrenalina basta fazer meditação e praticar atividades
que nos satisfaçam.

 4.Neurónio

No sistema nervoso, podemos encontrar dois tipos principais de células: os neurónios e as células gliais. Nos neurónios, podemos distinguir três componentes distintas: o corpo celular. as dendrites e o axónio.

Tipos de neurónios: Distinguimos três tipos de
neurónios: Neurónios aferentes ou sensoriais (são
afetados pelas alterações ambientais); Neurónios
eferentes ou motores (que transmitem mensagens dos
centros nervosos para os orgãos efetores); Neurónios de
conexão ou interneurónios (interpretam as informações
e elaboram as respostas)

 5.O funcionamento global do cérebro

O Sistema nervoso central é constituído pela espinal
medula e pelo encéfalo. A espinal medula é uma
estrutura constituída por substância branca no exterior e
cinzenta no seu interior. A espinal medula desempenha
duas funções: a coordenação e a condução. O encéfalo
está localizado no interior do crânio. É constituído por
um conjunto de estruturas especializadas que funcionam
de forma integrada para segurar unidade ao
comportamento humano.


Na seguinte imagem, podemos observar algumas das mais importantes estruturas que constituem o encéfalo;

6. Hemisférios cerebrais

O cérebro é dividido em dois hemisférios: direito e
esquerdo. O hemisfério direito controla a formação de
imagens, as relações espaciais, a perceção das formas,
das cores, das tonalidades afetivas e o pensamento
concreto. O hemisfério esquerdo é responsável pelo
pensamento lógico, pela linguagem verbal, pelo discurso,
pelo cálculo e pela memória.

Lobos cerebrais:

Cada hemisfério cerebral é composto por quatro lobos: frontal; parietal; occipital e temporal.

Lobos occipitais:

Estão localizados na parte inferior do cérebro. Coberta pelo cortéx cerebral, está área é também disignada por cortéx visual, porque processa os estímulos visuais. Como referi anteriormente, o lobo occipital processa os estímulos visuais de forma permanente, analisando distâncias, formas, cores, movimentos...Tudo que chega através da retina passa por esse centro de análise e processamento que, em seguida, envia as informações para o córtex cerebral. No entanto, essa transferência de informações deve primeiro passar por uma série de áreas. área visual


Lobos temporais:

Os lobos temporais estão localizados por cima das orelhas, tendo como principal função processar os estímulos auditivos.

Lobos parietais:

Estão localizados na parte superior do cérebro, são constituídos por duas subdivisões: a anterior e a posterior. A zona anterior designa-se por córtex somatossensorial e tem como função a receção de sensações, o tato, a dor, etc...; A área posterior dos lobos parietais é uma área secundária que analisa, interpreta e integra as informações recebidas pela área anterior, permitindo-nos a localização do nosso corpo no espaço, o reconhecimento dos objetos através do tato, etc...

Lobos frontais:

Estão situados na parte da frente do cérebro. Os lobos frontais são constituídos por diferentes partes. O córtex motor, que fica situado na parte dos lobos frontais, é responsável pelos movimentos da responsabilidade dos músculos. No que diz respeito às áreas pré-frontais, o cortéx pré-frontal é o responsável pelas principais funções intelectuais superiores. As áreas pré- frontais estão relacionadas com a memória. Estas áreas são o grande organizador do pensamento reflexivo e da imaginação. Estas áreas também envolvem complexas relações com as emoções.

Lesões nos lobos frontais:

O caso mais conhecido é o de Phineas Gage. Era um funcionário dos caminhos de ferro americano que nasceu a 9 de julho de 1823 e morreu a 21 de maio de 1860. Gage sofreu um bizarro acidente em 1848, quando tinha 25 anos. Neste dia, foram postos explosivos com a ajuda de uma barra de ferro para abrir um caminho numa rocha. Após a explosão, esta barra de ferro atravessou-lhe a cabeça. Gage, surpreendentemente, "apenas" teve inúmeras mudanças no seu comportamento e conseguiu sobreviver por mais 12 anos. 

Especialização e integração sistémica

Apesar das diferentes funções desempenhadas, o cérebro funciona como um todo - Rede Funcional  Função vicariante: Uma função perdida devido a uma lesão, pode ser recuperada por uma área vizinha da zona lesionada. A Plasticidade explica o facto de outras zonas poderem substituir as funções afetadas.  O cérebro funciona de uma forma sistémica (interdependência entre as componentes especializadas). 



Auto-organização Permanente

O processo de desenvolvimento cerebral mantém-se ao longo da vida, sendo isso possível graças aos processos de auto-organização da formação dos tecidos cerebrais. 
Ao processo de divisão celular que conduz à construção do córtex cerebral dá-se o nome de corticalização. 


Estabilidade e mudança nos circuitos sinápticos

O desenvolvimento e maturação do cérebro dá-se devido ao corte de ligações nas redes neuronais que nascem connosco, uma vez que se encontram embaraçadas e num total caos. Ao longo da nossa vida o cérebro baseia-se por uma regra bastante simples: "Se não usa, corta", eliminando então as ligações neurais que não precisa ou que não utiliza, havendo também a consolidação de algumas destas redes neuronais. Todo este processo de seleção de redes neurais está relacionado intimamente com o potencial genético da espécie e com fatores epigenéticos.

No caso dos fatores epigenéticos, após o nascimento, as experiências do sujeito cristalizam-se sob a forma de ligações sinápticas entre neurónios, designando-se este processo de epigénese. Desta forma, as redes neurais modificam-se ao longo da vida consoante também estímulos do meio ambiente.


7.Cultura

Edward B. Tylor define cultura como uma totalidade, um todo: mais do que uma soma de crenças, artefactos, valores, regras e costumes, a cultura é uma totalidade em que se conjugam estes diversos elementos materiais e simbólicos. As crenças, as teorias, as construções, os objetos, os valores, as leis e normas, as artes, os costumes, todos estes elementos, simbólicos e materiais, encontram-se organizados de forma dinâmica no todo cultural, isto é, mudam e influenciam-se mutuamente a cada momento. 


Na totalidade cultural, os diversos elementos estão profundamente interligados entre si, influenciando mutuamente a forma e o conteúdo uns dos outros. Desta forma, os elementos simbólicos, como é o caso das crenças, dos valores e das normas sociais, encontram-se exprimidos, ou seja, materializados nas múltiplas produções culturais, isto é, as várias criações e inovações culturais de cada sociedade.

O ambiente cultural em que nascemos é- nos tão familiar que não possuímos dele um conhecimento necessariamente explícito. No entanto, o ambiente cultural e a cultura em si não são completamente moldadores daquilo que somos ou dos nossos processos psicológicos. Para além de sermos produtos da cultura, somos também os seus produtores, isto é, por um lado somos caracterizados pela nossa cultura que muda em parte a nossa personalidade, forma de pensar, entre outras ações, porém também somos capazes de alterar e transformar a cultura em que estamos inseridos. 

Um individuo começa desde cedo a ser moldado pela cultura, pela forma que vê o mundo, como se corta o cordão umbilical e como é amarrado lavado e segurado, por exemplo e entre outros muitos aspetos. Temos ainda a capacidade, posteriormente, de modificar/alterar a cultura em que estamos inseridos. 

As crianças selvagens

O termo crianças selvagens é utilizado para referir as crianças que cresceram privadas de todo o contacto humano, ou cujo o contacto com outros seres humanos foi mínimo. Abandonadas, perdidas ou vítimas de abuso, estas crianças sobreviveram em isolamento ou na companhia de animais até terem sido encontradas ou recolhidas por outros seres humanos. Durante as aulas de psicologia demos os casos de Victor de Aveyron, de Amala e Kamala e de Gennie, este último com mais reconhecimento. Este tipo de crianças, quando são encontradas, apresentam sempre grandes atrasos no seu desenvolvimento para a sua idade, apresentando, normalmente,  linguagem mímica. Para além disto, podem ainda apresentar certos gestos e linguagens que remetam para um comportamento animal, como o rosnar de um leão ou mesmo o uivar de uma alcateia, apresentando comportamentos semelhantes aos animais com que conviveram. A sua linguagem verbal é extremamente reduzida, variando, consoante os casos, dependendo da duração deste isolamento e na idade em que começou. Para além disto apresenta ainda comportamentos sociais extremamente desregulados para os outros seres humanos, apresentando uma certa incapacidade de expressar sentimentos, como rir, chorar, empatia, entre outros e uma dificuldade no controlo emocional.


Culturas:

A cultura varia no tempo e no espaço, varia com as épocas e momentos históricos, assim como varia de lugar para lugar, pelo que não há nunca uma cultura, mas várias culturas. 

Estas diferentes culturas vão-se traduzir em diferentes formas de se organizar e integrar, em formas de viver em conjunto, os acontecimentos históricos locais, as suas necessidades e ainda as suas exigências do meio onde vivem, variando consoante a comunidade. A resposta às várias necessidades e situações não é uniforme: não há uma cultura, mas culturas.

Padrões Culturais:

Ao conjunto de comportamentos, práticas, crenças e valores comuns aos membros de uma determinada cultura dá-se o nome de padrão cultural .Os padrões culturais encontram-se expressos na forma como nos vestimos, como nos alimentamos, que emoções devemos exprimir em cada lugar, como é que nos devemos comportar em cada local, entre outros. 

É importante realçar que os padrões culturais não se encontram totalmente fixos e imutáveis, podendo variar não só pela ação criadora, produtora de cultura, de cada um dos membros, como também pelo contacto com outras novas culturas.


Conceito de aculturação

A aculturação diz respeito ao conjunto dos fenómenos resultantes do contacto contínuo entre grupos de indivíduos pertencentes a diferentes culturas, assim como às mudanças nos padrões culturais de ambos os grupos que decorrem desse contacto.


Socialização
A socialização é o processo através do qual cada um de nós aprende e interioriza os padrões de comportamento, as normas, as práticas e os valores da comunidade em que se insere. Esta interiorizarão permite não apenas a integração de cada pessoa no grupo sociocultural, mas também a reprodução deste mesmo grupo e das suas formas de organização.

Socialização primária

A socialização primária é responsável pelas aprendizagens mais básicas da vida em comum. Traduz-se na aprendizagem dos comportamentos considerados adequados e reconhecidos como formas de pensar, fazer, sentir e exprimir, próprias de um determinado grupo social: as regras de relacionamento entre as pessoas, os hábitos de cuidado com o corpo, hábitos alimentares, as regras da linguagem, etc... A socialização primária ocorre com muita intensidade durante os períodos de crescimento e no seio de grupos caracterizados por uma vida em comum, por relações pessoais e íntimas entre os seus membros, como a família, o grupo de pares, a vizinhança, os jardins de infância, a escola. 

Socialização secundária

A socialização secundária ocorre sempre que a pessoa tem de se adaptar e integrar em situações sociais específicas, novas para o indivíduo. Ao longo de toda a vida das pessoas, diferentes acontecimentos e contextos, diferentes tipos de relações implicam intensificações no processo contínuo de socialização. A mudança de escola, o primeiro emprego, a passagem à reforma, o casamento, o divórcio, o nascimento de um filho ou a perda de um familiar são exemplos de situações que exigem às pessoas novas adaptações e novas aprendizagens. 

8. A História pessoal: fatores internos e externos

O ser humano é um ser em constante evolução biológica, que se encontra em constante aprendizagem fazendo parte de uma sociedade e cultura. Deste modo é necessário sempre enquadrar um ser vivo no seu meio sociocultural. O ser humano encontra-se influenciado mutualmente pelos aspetos biológicos e socioculturais. 


História Pessoal

Desde o nascimento, o ser humano adquire um número de competências, assim como um conjunto de experiências através do contacto entre os outros: pais, irmão, familiares, etc... Estas experiências deixam marcas na nossa forma de ser e de estar, fazendo cada vez mais diferença e importância, tornando-nos únicos e distintos de todos os outros. São estas diferenças e esta capacidade de ser único que marcam a nossa história pessoal.

Cada um de nós apresenta uma história de vida singular, criando histórias pessoais distintas. Reconhecemo-nos como humanos (identidade específica) que faz parte de uma cultura ou sociedade (identidade cultural) trazendo-nos uma história de vida única (identidade pessoal).

Cada um de nós apresenta uma história pessoal constituída por acontecimentos localizados no tempo e no espaço, como o tipo de brincadeiras que mais gostávamos quando éramos crianças, o primeiro amigo, as festas de anos, etc...  A história pessoal integra a componente genética, os fatores do meio e as experiências pessoais. Por outro lado, apenas somos o que somos devido à interação com os outros, ou seja, devido às relações sociais existentes. 

19. A mente


Processos cognitivos

Estão realizados com o saber, com o conhecimento, reportam-se à criação, transformação e utilização da informação do meio interno e exterior. Associam-se à questão: "O quê?".



Processos emotivos

Estão relacionados com o sentir; são estados vividos pelo sujeito caracterizados pela subjetividade. Correspondem às vivências de prazer e desprazer e à interpretação das relações que temos com as pessoas, objetos e ideias. Estão associados à questão: "Como?". 

Processos conativos

Estão relacionados com o fazer; expressam-se em ações, comportamentos. Correspondem à dimensão intencional da vida psíquica. Estão associados à pergunta "Porquê?".

20. O carácter específico dos processos cognitivos

De entre os processos cognitivos temos três: a perceção; a aprendizagem e a memória




Perceção

Por exemplo, estás na sala de aula, onde há pessoas e objetos. Através da visão, recebes informações que te situam nesse lugar, que reconheces. Para além do que vês, ouves o que o teu professor diz e também as intervenções dos colegas. Se detiveres a tua atenção, consegues te aperceber do ruído do trânsito e até os passos de alguém no corredor. O cheiro agradável do perfume que puseste de manhã ainda se sente e isso faz-te sentir confortável. Foi graças aos órgãos dos sentidos que te apercebes das cores, das formas, dos sons, das texturas, dos aromas, do frio e do calor. A perceção é um processo cognitivo através do qual contactamos com o mundo, que se caracteriza pelo facto de exigir a presença do objeto, da realidade a conhecer. Pela perceção, organizamos e interpretamos as informações veiculadas pelos órgãos dos sentidos. 

O processo percetivo

O teu conhecimento é constituído por diferentes sistemas sensoriais: visão, olfato, tato, paladar, e ainda pelo sentido de equilíbrio e o sentido dos movimentos corporais. Embora a receção sensorial seja diferente para os diferentes órgãos dos sentidos, há três elementos comuns:

1. O estímulo físico; 2. A sua tradução; 3. A resposta à mensagem como perceção. 

A perceção começa nos órgãos recetores, que são sensíveis a estímulos específicos. Ao processo de deteção e receção de estímulos nos órgãos dos sentidos dá-se o nome de sensação.  Este estímulo específico será traduzido posteriormente, então em impulsos nervosos, que são conduzidos, seguidamente, ao sistema nervoso central e processado então pelo cérebro.

A perceção como representação

A perceção não reproduz o mundo como um espelho, o cérebro não reproduz o mundo como um espelho, o cérebro não regista o mundo exterior como um fotógrafo tridimensional: constrói uma representação mental ou imagem da realidade. Tomemos a perceção visual, que é a grande fonte de informação sobre o mundo e também a mais estudada. Há todo um processo biológico complexo em que o estímulo visual é transformado , não se projetado no nosso cérebro como um slide num ecrã. Os estímulos luminosos, que sensibilizam a nossa retina, são codificados em impulsos nervosos, que são transmitidos pelos nervos óticos às áreas visuais do córtex, que os processam como uma representação.  

É no cérebro que se vão estruturar e organizar as representações do mundo, é nele que se dá sentido ao que vemos e ouvimos. Por isso diz-se que é no cérebro que se ouve, vê, se sente frio ou calor, os cheiros e os sabores. A informação proveniente dos órgãos sensoriais é tratada pelo cérebro. É nesta estrutura do sistema nervoso que ganha sentido e significado. 

A interpretação da realidade

Vamos analisar algumas situações em que estão envolvidas perceções visuais, designadamente a constância percetiva. 

1. Constância de tamanho- Percecionamos o tamanho de algum objeto ou de uma pessoa, não importa a distância a que se encontre. 

2. Constância da forma- Um objeto nunca forma a mesma imagem retiniana: a luz é diferente, a incidência e o ângulo do olhar diferentes também, a distância muda constantemente, etc...

3. Constância do brilho e da cor- Nós mantemos constantes o brilho e a cor dos objetos, mesmo quando as circunstâncias físicas nos dão outra informação.

Perceção social

A perceção social é o processo que está na base das interações socias. Como conhecemos os outros, como interpretamos o seu comportamento. A perceção social está bastante relacionada com os grupos sociais. Ao ouvirmos parte de uma conversa, podemos "ouvir" algo completamente diferente do que de facto foi, vindo ao encontro, da ideia que fazemos acerca das pessoas, do assunto ou da situação. Um dos casos estudados, e que refere a predisposição percetiva, é o efeito dos estereótipos e dos preconceitos na forma como percecionamos os outros.


Perceção e cultura

A forma como percecionamos o mundo varia com a cultura, com o contexto cultural. Podemos reconhecer que o modo como um chinês, um europeu, um americano ou um indiano representam o mundo é diferente. Inúmeros estudos transculturais procuram esclarecer como a cultura influencia a forma como se perceciona o mundo. A perceção de profundidade também é afetada pela cultura. 


Memória

É a nossa memória que retém conhecimentos, informações, ideias, acontecimentos, encontros. Este património torna-nos únicos, assegurando-nos a nossa identidade pessoal. É a memória que nos assegura que continuaremos a aprender novos conhecimentos, novos conceitos, novos sentimentos e novas experiências. 

Processos da memória

O cérebro tem a funcionalidade de selecionar os estímulos que são mais importantes e que asseguram a própria sobrevivência do indivíduo ou da espécie. Se o cérebro não conseguisse fazer esta filtração, seriamos incapazes de responder corretamente ao que realmente é importante. É de notar que o que o cérebro considera importante ou não ocorre no processo percetivo, assim como no processamento da informação. 

1. Codificação

A codificação caracteriza-se como a primeira operação da memória, preparando as informações sensoriais para serem armazenadas no cérebro. Assim sendo, a codificação é um processo que consiste na tradução de dados num código, que pode ser acústico, visual ou semântico. 

Este processo não se reporta apenas à preparação das informações sensoriais, mas também se representa como aprendizagem deliberada, ou seja, aprendizagem de algo que exige esforço e que temos como objetivo memorizar. Neste caso, a memorização implica uma codificação mais profunda. Depois desta codificação, a informação é armazenada durante algum tempo. 

2. Armazenamento

As informações que memorizamos encontram-se registadas em várias áreas cerebrais, e estão registadas em diversos códigos, contribuindo cada um deles para a recordação que precisamos de evocar.

As novas tecnologias permitem visualizar o cérebro em ação. Analisando-se que cada vez que ocorre um processo de codificação ou mesmo de armazenamento,  ocorrem modificações no cérebro, resultando em traços mnésico, designados por engramas. Cada engrama, produz modificações nas redes neuronais que, ao se manterem, permitem que recordemos o que memorizamos, sendo então um processo de fixação extremamente complexo, no entanto estando sujeito a modificações com o tempo. Para além do mais, para a informação se manter estável e permanente na nossa memória é necessário tempo.


3. Recuperação

Aqui, recupera-se a informação: lembramo-nos, recordamos, evocamos uma informação. A recuperação da memória encontra-se associada a muitos fatores que a tornam mais fácil ou difícil como, por exemplo, não reconhecer uma certa pessoa num contexto diferente daquele que foi inicialmente codificado na memória.


Memórias:

1. A curto prazo (MCP)

2. A longo prazo (MLP)

Memória a curto prazo

A memória a curto prazo é caracterizada como a memória onde retemos a informação durante um período limitado de tempo. Esta informação, posteriormente, poderá ser esquecida ou então passar o segundo tipo de memória, memória a longo prazo.  

A memória a curto prazo apresenta duas componentes que se distinguem, no entanto conjugam-se para o bom funcionamento do sistema:

  1. Memória imediata
  2. Memória de trabalho

 Na memória imediata, o material recebido fica retido durante uma fração de tempo (cerca de 30 segundos). Investigações desenvolvidas mostraram que podemos conservar sete elementos, sete unidades de informação (mais ou menos dois elementos, isto é, entre cinco e nove elementos). Entende-se por unidade de informação um dígito, uma letra ou uma palavra. 

Por outro lado se repetirmos, por exemplo, um número de telefone que nos acabaram de dar e que não tivemos a oportunidade de apontar, esta memória irá se conservar por um intervalo de tempo maior e encontrar-se-á na nossa memória enquanto for necessário. Simplificando, esta é a memória de trabalho. Na memória de trabalho somos capazes de manter a informação enquanto ela nos é útil através da repetição da informação que nos foi fornecida.

Memória a longo prazo

A memória a longo prazo, contrariamente à memória a curto prazo, retém informações durante horas, meses ou até mesmo durante toda a nossa vida. A memória a longo prazo é um tipo de memória que é alimentada pelos materiais ou informações da memória a curto prazo, sendo codificados em símbolos. 

Na memória a longo prazo, armazena-se a informação em diferentes modalidades, podendo estas ser visuais, olfativas, auditivas, táteis ou de linguagem e movimento. As novas tecnologias têm vindo a mostrar que diferentes áreas do cérebro são ativadas quando se trata de recordar informações visuais, auditivas, motoras, entre outras.

A memória a longo prazo também se divide em dois tipos mas dependem de estruturas cerebrais distintas:

  1. Memória não declarativa
  2. Memória declarativa

A memória não declarativa é uma memória automática, que mantém as informações subjacentes à questão: "Como?": como andar de bicicleta, como lavar os dentes, etc... 

A memória não declarativa está relacionada com comportamentos que quando desenvolvidos, não se tem consciência de que são realmente capacidades que dependem diretamente da memória. Apenas durante a aprendizagem destes comportamentos é que damos atenção a todos os detalhes e notamos que tomamos consciência dos vários comportamentos interligados que envolvem, por exemplo, atar os cordões dos sapatos. Como podemos perceber, o exercício, o hábito e a repetição destes conjuntos de práticas tornaram estas atividades quase que automáticas e reflexas. Para além do mais, este tipo de memória apenas pode ser acedido agindo de alguma forma, por exemplo, é quase impossível explicar como atar os cordões de uns tênis apenas com palavras.. Geralmente, é necessário agir e exemplificar para podermos demonstrar como é que se faz.

memória declarativa implica a consciência do passado, do tempo, reportando-se  acontecimentos, factos, pessoas, etc... É com este tipo de memória que nos lembramos, por exemplo, dos heterónimos de Fernando Pessoa, ou o aniversário de um parente nosso. À medida que abordamos alguns destes exemplos surgem-nos imagens mentais, palavras, frases, ou seja, conteúdos que realmente podem ser declarados através da escrita ou da fala.

A memória declarativa apresenta dois subsistemas:

  1. Memória episódica
  2. Memória semântica

A memória episódica baseia-se em recordações, como a cara de um familiar, amigos, músicas preferidas, factos e ainda experiências pessoais. Assim, este tipo de memória é associada muitas vezes ao termo memória "autobiográfica", já que reporta a lembranças da vida pessoal, sendo caracterizada como uma memória pessoal, que manifesta uma relação íntima entre quem recorda e o que recorda.

A memória semântica refere-se a conhecimentos e informações sobre o mundo como as leis da Química. Neste caso, a memória não se encontra relacionada há localização no tempo, uma vez que não está ligada a nenhum conhecimento ou ação específica, nem refere nenhum facto específico do passado. 

Processos de aprendizagem

 Aprendizagem não simbólica (ou Comportamental):

Aprendizagem não Associativa - Habituação e Sensitização

Aprendizagem Associativa - Condicionamento Clássico e Condicionamento Operante

Aprendizagem Simbólica (ou Cognitiva):

Aprendizagem com recurso a símbolos e representações

Insight

Latente (mapas cognitivos)

Aprendizagem social

Aprendizagem por observação e imitação 


Aprendizagem não associativa

Nós, ignoramos a maior parte dos estímulos a que estamos sujeitos, não lhes dando então atenção uma vez que nos habituamos a estes mesmo. Caso contrário, se captássemos todos os estímulos a que estamos sujeitos, seria nos impossível funcionar enquanto organismo.

Tudo isto se deve à habituação tendo a capacidade de selecionar dos estímulos do meio ambiente apenas aqueles que nos interessam, centrando a atenção no que é realmente importante e essencial para nós. Desta forma, o nosso organismo habitua-se aos estímulos que nos rodeiam e que não são essenciais, esquecendo-os e ignorando-os.

Mesmo assim, a aprendizagem não associativa não se baseia apenas na habituação, mas também na sensitização. Por um lado, a habituação é o processo onde o nosso sistema aprende as características de um estímulo sem importância. Por outro lado, a sensitização é o processo onde o nosso organismo aprende as propriedades de um estímulo ameaçador e prejudicial. Através da sensitização, os seres vivos, assim como o ser humano, aprendem a apurar os seus reflexos, deixando-os mais preparados para a fuga ou defesa. Desta forma, a sensitização ativa-nos para reagirmos ao estímulo propício a ser ameaçador.

Sendo assim, podemos perceber que a aprendizagem por habituação e a aprendizagem por sensitização são duas formas distintas de aprendizagem não associativa, uma vez que neste tipo de aprendizagem o indivíduo aprende apenas as características de um só tipo de estímulo. Desta forma, a habituação e a sensitização são as formas mais simples e básicas de aprendizagem.

Condicionamento Clássico

Foi o investigador russo, Pavlov quem, ao estudar os reflexos digestivos do cão, descobriu uma forma de aprendizagem presente nos seres humanos e nos animais.

  1. Após Pavlov apresentar a carne ao cão, este salivava.
  2. Em seguida, apresentava ao cão a carne sempre acompanhada com o som de uma campainha. Este procedimento foi efetuado durante algum tempo, por forma ao animal fixar esta associação (carne + som).
  3. Após muitas repetições deste último passo que referi, apenas com o som da campainha, o cão salivava.

Este estudo implicou assim a descoberta de um estímulo (som) que não provoca nenhuma resposta específica, após ser associado a outro estímulo essencial ao cão (carne), passou a provocar a salivação (resposta condicionada).

Para se compreender melhor este processo de aprendizagem, passamos a distinguir:

  1. Estímulo Neutro -  Este estímulo (antes do condicionamento) não produzia qualquer resposta desejada (por exemplo: som da campainha).
  2. Estímulo não Condicionado - Estímulo que desencadeia uma resposta não aprendida (por exemplo: a carne).
  3. Resposta Incondicionada - Respostas inata, não aprendida (por exemplo: salivar com o cheiro da carne).
  4. Estímulo Condicionado - Estímulo neutro, que quando é associado ao estimulo incondicionado, passa a provocar uma resposta idêntica à desencadeada pelo estímulo incondicionado (por exemplo: o som, depois de associado à carne, passa, por si só, a provocar a salivação do cão).
  5. Resposta Condicionada - Após o condicionamento, esta resposta segue-se ao estímulo que antes era neutro (por exemplo: salivar quando ouve o som).


Aprendizagem associativa

A aprendizagem associativa desdobra-se em dois tipos de aprendizagem: Condicionamento Clássico e Condicionamento operante. Estes dois tipos de aprendizagem são mais complexos do que a aprendizagem por habituação e sensitização.

Condicionamento operante

Processo através do qual associa-se um comportamento às suas consequências e efeitos, ou seja, o sujeito adapta as suas atitudes conforme as consequências dos seus atos.

Skinner desenvolveu uma experiência que iria conduzir à descoberta de como muitas das nossas aprendizagens se processam e mantêm, assumindo que as consequências de um comportamento são mais importantes do que qualquer estímulo que o proceda. Para controlar de forma mais eficiente as variáveis da experiência, criou um dispositivo experimental,  que continha um outro dispositivo automático, uma espécie de alavanca, que libertava alimento quando era acionado. Assim, Skinner:

  1. colocou um animal, um rato, esfomeado no dispositivo ("caixa de Skinner")
  2. durante algum tempo, o animal explora o ambiente, acostumando-se a este, através do cheiro.
  3. por acaso, aciona o único dispositivo automático presente e recebe uma porção de alimento.
  4. A partir desse momento, o rato começa a pressionar a alavanca para receber alimento.


Esta experiência mostra que o rato aprendeu a obter alimento graças ao reforço (consequência positiva), o animal aprendeu a carregar na alavanca. Se o reforço for retirado, a resposta aprendida pelo rato extingue-se 

Reforço: é um estímulo que, pelo facto de trazer consequências positivas, aumenta a probabilidade de uma resposta ocorrer. O reforço pode ser positivo ou negativo.
Reforço positivo: estímulo que tem consequências positivas, agradáveis, e que se segue a um determinado comportamento. 

Reforço negativo: O sujeito evita uma situação dolorosa, se se comportar de determinado modo.

Para além disto, Skinner distinguiu ainda um outro conceito fundamental para a corroboração da sua teoria de aprendizagem, o castigo. O castigo, contrariamente ao reforço, é um procedimento que leva à diminuição da probabilidade de uma dada resposta ocorrer através do uso de estímulos aversivos. O castigo ou punição são aplicados quando não existe uma resposta ou quando esta não é desejável.

 

As emoções 

As emoções são o primeiro tipo de comunicação e de relação do bebé com o mundo que o rodeia. As emoções têm, portanto, um valor adaptativo, porque são sinalizadoras de determinados estados 


O desporto manifesta inúmeras emoções, neste caso a alegria da vitória

e neste caso, o desespero da derrota.


  • As emoções estão relacionadas com o tempo. Não se pode falar de um desgosto que dure um minuto ou de uma surpresa que dure dois dias. O tempo é uma das qualidades da emoção.
  • As emoções variam de intensidade, o que nos permite distinguir, por exemplo, o receio do medo ou do terror.
  • As emoções refletem-se em alterações corporais através de gestos, movimentos, expressões faciais, aceleração do ritmo cardíaco, etc...
  • As emoções têm causas e objetos a que se dirigem. Pode surgir através de uma pessoa, situação, acontecimento, etc...
  • As emoções caracterizam-se pela sua grande versatilidade, aparecendo e consequentemente desaparecendo.
  • As emoções podem ser emoções positivas (alegria) ou emoções negativas (desgosto, medo)
  • As emoções não são hábitos, ou seja, não se exprimem como parte de algum ciclo regular.
  • A emoção não é determinada pelos factos, mas sim pela interpretação destes.















Existe vários tipos de emoções....

Emoções primárias: alegria, tristeza, medo, cólera, surpresa ou aversão;

Emoções secundárias: vergonha, ciúme, culpa ou orgulho;

emoções de fundo: bem-estar, mal-estar, calma ou tensão.

Para que os sentimentos possam ter influência sobre o sujeito para além do momento, a consciência tem de estar presente.

Afetos e sentimentos

Quando falamos de afeto, falamos de relação. A relação implica sempre uma troca, em que se dá, e se recebe. Os afetos exprimem-se através das emoções, sendo organizadas pelas experiências emocionais que se repetem. Os afetos, que podem exprimir-se pelo amor mas também pelo ódio, são vividos intensamente sob a forma de emoções.

Os sentimentos estão voltados para o nosso interior, são privados, enquanto as emoções são dirigidas para o exterior. Os sentimentos prolongam-se no tempo e são de menor intensidade de expressão, contrariamente às emoções.

  • o estado de emoção: a emoção pode ser desencadeada e experimentada de forma inconsciente. 
  • o estado de sentimento: pode ser representado de forma não consciente.
  • o estado de sentimento tornado consciente: conhecido pelo organismo que experimenta a emoção e o sentimento.

Componentes das emoções

Exemplo: no dia do seu aniversário, o Francisco recebeu como prenda dos seus pais, um telemóvel que há muito desejava. Um dos amigos dos pais, deixou-o cair ao chão, partindo o ecrã. o Francisco ficou furioso. Neste exemplo, podemos distinguir seis componentes:

  1. Componente cognitiva- é o conhecimento do facto que faz com que o Francisco esteja encolerizado. Se não tivesse presenciado a cena ou se não tivesse conhecimento desta, não teria qualquer emoção.
  2. Componente avaliativa- o Francisco reage à situação em função dos seus interesses, valores e objetivos. O telemóvel tem para ele um grande valor, pelo facto de ter sido oferecido pelos pais.
  3. Componente fisiológica- face ao incidente~, o coração o Francisco começou a bater mais rápido, a respiração acelerou, aumentou a tensão muscular. Ficou branco de raiva, porque os vasos sanguíneos periféricos se contraírem. Esta componente refere-se às manifestações orgânicas da emoção.  
  4. Componente expressiva- as sobrancelhas ficaram franzidas, as mãos cerradas, a voz ficou mais alta e áspera.. Esta componente tem uma função social importante, porque é uma forma de comunicação. 
  5. Componente comportamental- O Francisco tentou conter as palavras duras dirigidas ao Miguel. O seu estado emocional poderia desencadear um conjunto de comportamentos que vão desde a crítica verbal, com as suas múltiplas variantes, à agressão. 
  6. Componente subjetiva- O Francisco se te interiormente a cólera. É o estado afetivo associado à emoção. 

Perspetiva sobre as emoções

  • Perspetiva evolutiva - Charles Darwin distingue seis emoções primárias ou universais: a alegria, a tristeza, a surpresa, a cólera, o desgosto e o medo. Para cada uma destas emoções, descreve as suas manifestações fisiológicas: a postura corporal, as expressões faciais, os movimentos, etc... Darwin considera que as emoções desempenharam um papel fundamental na história da espécie humana, sendo determinantes na nossa capacidade de sobrevivência. Há emoções que são universais, independentes dos processos de aprendizagem e da cultura em que se observam.


Perspetiva fisiológica - William James faz o estabelecimento da relação entre o corpo e a mente e que se influenciam mutuamente: a mente influencia o corpo, mas o corpo também influencia a mente. Um aspeto positivo da teoria de William foi ter considerado que a emoção é um estado subjetivo e ter mostrado o interesse do estudo psicofisiológico das emoções.

Perspetiva cognitivista - Existe alguma relação entre o que pensamos e o que sentimos, entre os nossos processos cognitivos e as emoções? De acordo com a perspetiva cognitivista, esta relação existe e é estreita. Para os defensores desta conceção, as nossas cognições são um elemento fundamental no desencadeamento das emoções. Seriam fatores de ordem cognitiva que explicariam os estados emocionais. A emoção é determinada pelo modo como representamos a situação e pela avaliação pessoal que lhe damos.

Perspetiva culturalista

Para os defensores desta conceção culturalista, as emoções são comportamentos aprendidos no processo de socialização. As emoções são uma linguagem que precisa de ser aprendida. A cada cultura, correspondem diferentes emoções e diferentes formas de a exprimir. Estas variam no espaço e no tempo.

A razão e a emoção

Segundo António Damásio, para tomarmos uma decisão é preciso: 

  • ter conhecimento da situação sobre a qual tem de se decidir;
  • conhecer as diferentes opções de ação;
  • conhecer as consequências de cada opção.

António Damásio considera que a seleção das melhores opções não é necessariamente produzida através do raciocínio. Omite-se a existência de um mecanismo que cria um repertório que orienta as diferentes opções para a seleção. Durante muito tempo pensou-se que para tomar uma decisão, a melhor, as emoções teriam de ficar de lado porque poderiam prejudicar a escolha. Damásio considera que "a emoção bem dirigida parece ser o sistema de apoio sem o qual o edifício da razão não pode funcionar eficazmente". Assim, a emoção e a razão estão na base das nossas decisões, sendo dois processos essenciais para a escolha entre as várias opções possíveis.

Para Damásio a tomada de decisão seria suportada por duas vias complementares funcionando paralelemente:

  1. a representação das consequências de uma opção é disponibilizada pelo raciocínio: avaliação da situação; levantamento das opções possíveis; comparações lógicas, etc...
  2. a perceção da situação provoca a ativação de experiencias emocionais experimentadas anteriormente em situações semelhantes.

13. Relações Interpessoais

Processos de cognição social:

  • as impressões
  • as expectativas
  • as atitudes
  • as representações sociais

Impressões

Impressão é o termo que usamos com bastante frequência quando conhecemos uma pessoa: "Deixou-me uma boa impressão", "Tenho a impressão que é uma pessoa orgulhosa", etc...

As primeiras impressões têm o poder de influenciar as relações futuras relativamente ao modo de como se julga a personalidade da pessoa com quem se interage. No primeiro contacto que temos com alguém, construímos uma imagem, uma ideia sobre essa pessoa a partir de algumas características. 

Podemos considerar a formação das impressões como o processo pelo qual se organiza a informação acerca de outra pessoa de modo a integrá-la numa categoria significativa. 

Impressão e categorização

É impossível retermos toda a informação quando conhecemos alguém. Para simplificar, procedemos a um processo de categorização, ou seja, reagrupamos os objetos, pessoas, a partir do que consideramos ser as suas semelhanças e diferenças.

A categorização inerente à formação de impressões orienta o nosso comportamento, permitindo-nos definir o lugar dos outros na sociedade e o nosso próprio lugar. Ao desenvolvermos expectativas sobre o comportamento dos outros a partir das impressões que formamos, isso possibilita-nos planear as nossas ações, o que facilita as interações sociais.

A formação das impressões

  • Indícios físicos - Remetem para características como o facto da pessoa ser alta, baixa, gorda, magra, etc...
  • Indícios verbais - O modo como a pessoa fala surge como um indicador, por exemplo de instrução. Se a pessoa utiliza um vocabulário preciso, etc...
  • Indícios não verbais- Estes indícios remetem para elementos, sinais que interpretamos como indicadores: o modo como a pessoa se veste, se usa fato e gravata ou calças de ganga, etc...
  • Indícios comportamentais- É o conjunto de de comportamentos que se observam na pessoa e que nos permite classificá-la.


Expectativas

Definimos expectativas como modos de categorizar as pessoas através dos indícios e das informações, prevendo o seu comportamento e as suas atitudes. As expectativas são mútuas, isto é, o outro com quem interagimos desenvolve também expectativas relativamente a nós. 


Componentes das atitudes

  • Componente cognitiva - É constituída pelo conjunto de ideias, de informações, de crenças que se tem sobre um dado objeto social (pessoa, grupo, objeto, situação). é o que consideramos como verdadeiro acerca do objeto. 
  • Componente afetiva - É o conjunto de valores e emoções, positivas ou negativas, relativamente ao objeto social. Está ligada ao sistema de valores, sendo a sua direção emocional.
  • Componente comportamental - É conjunto de reações, de respostas, face ao objeto social. Esta disposição para agir de determinada maneira depene das crenças e dos valores que se têm relativamente ao objeto social.


Atitudes e comportamento 

As atitudes não são diretamente observáveis: inferem-se dos comportamentos. Também é possível, a partir de um comportamento, inferir a atitude que esteve na sua origem. Assim, se soubermos que a pessoa tem uma atitude negativa face, por exemplo, ao tabaco, podemos prever a forma como se comportará face a uma campanha antitabágica, ou como reagirá se fumarmos junto a ela. De igual modo, as reações de uma pessoa face a uma situação podem permitir prever a atitude que lhe está subjacente.

Formação e mudança de atitudes

As atitudes não nascem connosco, formam-se e aprendem-se no processo de socialização. Os agentes responsáveis pela formação das atitudes são, por exemplo, os pais, e a família, a escola, o grupo de pares e os mass media. Apesar da relativa estabilidade de atitudes, estas podem mudar ao longo do tempo. Por exemplo, o ataque de um país a outro pode altera o modo como encarávamos o país agressor. As experiências vividas pelo próprio podem conduzir à alteração as atitudes.















 14. Processos de influência entre indivíduos

Normalização; Conformismo; Obediência



Normalização

As normas são regras sociais básicas que estabelecem o que as pessoas podem ou não podem fazer em determinadas situações que implicam o seu cumprimento. As normas orientam o comportamento. Definem o que é ou não desejável, o que é conveniente num dado grupo social, apresentando modelos de conduta. É graças ao conjunto de normas que os comportamentos dos indivíduos de um dado grupo social são uniformizados, o que é uma vantagem, porque assim podemos saber o que esperar dos outros e o que os outros esperam de nós. Na ausência de normas explícitas, reconhecidas coletivamente, os indivíduos que constituem um grupo tentam elaborá-las, influenciando-se uns aos outros. A este processo dá-se o nome de normalização.

Conformismo

O conformismo é uma forma de influência social que resulta do facto de uma pessoa mudar o seu comportamento ou as suas atitudes por efeito da pressão do grupo.

Processos subjacentes ao comportamento conformista:

  • Unanimidade do grupo: o conformismo é maior nos grupos em que há unanimidade;
  • A natureza da resposta: a pressão do grupo aumenta quando a resposta é dada publicamente;
  • A ambiguidade da situação: a pressão do grupo aumenta quando não estamos certos do que é correto;
  • A importância do grupo: quanto mais atrativo for o grupo para a pessoa, maior é a probabilidade de ela se conformar;
  • A autoestima: as pessoas com um nível mais elevado de autoestima são maisndependentes do que as pessoas com baixa autoestima. 


Obediência

A obediência acontece quando as pessoas não se sentem responsáveis pelas ações que levam a cabo, sob ordens de uma figura de autoridade. As pessoas são influenciadas a comportarem-se de determinado modo através da aceitação de ordens que sentem obrigação de cumprir.

Fatores que influenciam a obediência: 

  • A proximidade com a figura de autoridade: quanto mais próxima tiver figura de autoridade, maior é a obediência.
  • A legitimidade da figura de autoridade:  quanto mais reconhecida for a autoridade, maior é a obediência.
  • A proximidade da vítima: se não há qualquer contacto visual ou auditivo, 100% das pessoas cumprem com a tarefa. Se a "vítima" era vista pelos participantes, a percentagem descia para os 40%.
  • A pressão do grupo: O efeito do grupo anula o efeito de autoridade do experimentador 
Mariana Lago 12ºD
Psicologia B 
Professora: Sónia Abreu 
 
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